As galinhas, as vaquinhas, os patinhos, o galo e os porquinhos todos levaram as mãos à cabeça e começaram a gritar e girar em volta da Coruja:
Que desgraça, que grande desgraça, gritavam todos em uniso
O garnizé que gritava como louco, parou e perguntou no meio da confusão… Uma desgraça porquê Coruja?
Uma desgraça porque eu não sei o que é, nunca tinha visto nada assim…
A resposta deixou todos pasmados e ainda mais intrigados….
Só havia uma coisa a fazer, todos pensaram…
Só há uma coisa a fazer disse a ovelha, simmm dizem as irmãs, pois é disse o pato, só há uma coisa a fazer,
- tragam o cesto e preparem-se, disse a coruja .
E todos assim fizeram, empurraram aquela criatura peludinha para dentro do cesto e muito devagar duas ovelhas, morderam cada uma das asas do cestinho e levantaram muito devagarinho e com o maior dos silêncios foram colocar aquela figura na porta do alpendre da professora.
Mais nada podemos fazer dizem os animaizinhos escondidos atras dos arbustros, à espera que algum humano descubra aquela pequena desgraça.
E o dia foi avançando, o lago estava vazio, das galinhas não havia rasto, os porcos deixaram a sua piscina de lama e as vaquinhas deixaram de fazer parte da paisagem, muito já tinha corrido o sol no céu e quase se começava a esconder nas copas das arvores dos montes mais longiquos e todos ainda estavam à espera que aquela criatura fosse encontrada.
Já a estrela do norte brilhava no ar, dizendo olá ao sol que se deitava no horizonte e a lua se deixava encontrar no fundo do azul negro do inicio da noite, quando ao longe o barulho dum motor engasgado se fazia ecoar no vale verdejante, pum pum pum, assustou os animais, as galinhas tremeram mas logo foram acalmadas pelo galo:
- Quietas suas tontas, é a velha carroça da professora que esta a chegar, daqui a pouco deve-se começar a ver as luzes na curva do milhafre.
E mal isso foi dito, assim aconteceu, dois focos de luz forte rasgaram a penumbra da noite que se instalava devagarinho e os pums, pums, pums, do motor ficavam cada vez mais audiveis e barulhentos, ao entrar na quinta todos taparam os ouvidos, até que o carro parou, com um pum final grande e bem sonoro que levantou a crista do garnizé.
Uma nuvem de fumo saia do escape e todos tossiram, a Coruja estava fula com o que tinha visto:
“- ai minha natureza amada, com tantos carros assim depressa vamos mudar o clima para pior, que inconsciencia”.
Por entre o fumo, ela apareceu, a professora de cabelo ruivo ondulado, olhos grandes, com muitas estrelinhas, sorrindo enquanto tirava dos ouvidos os tampões que lhe permitiam aguentar o barulho daquela velha e amada carroça.
- É agora, disse o pato,
- que emoção, disse o coelho,
- quero ver, quero ver de perto, deixem-me passar diz o garnizé, correndo para perto da professora para ver na sua face a sua reacção a tamanha criatura desgraçada.
Um silêncio fez sentir em todo o vale, só o som do vento alado acariciando as ervas e as folhas dos carvalhos se ousava deixar ouvir.
Ouvidos e olhos atentos todos os animais se aproximavam para ver a reacção da professora.
No ar os passarinhos pairavam gentilmente nas asas do vento esperando um gesto que denuncia-se o que iria acontecer.
O autor desta história só no final da mesma será revelado...
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