Carregada de livros presos junto ao peito e com a saca de compras pela mão, onde um pao grande e apetitoso saltava à vista, a professora dirigiu-se a passo apressado para a porta do alpendre, tão apressada que nem reparou na criatura lá colocada.
Meteu a chave na porta, rodou a mesma três vezes e entrou, fechando-a com um valente ponta pé de calcanhar, a qual se fechou assim que o último cabelo ruivo entrou na casa.
O espanto foi geral, todos se perguntavam como é que ela não reparou…!!!, até a própria bolinha de pelo com olhos negros redondos e doces, se sentiu surpreendida com tamanha indiferença, pois já se tinha habituado às reacções que provocava nos outros.
Minutos mais tarde a porta abriu-se de novo, carregava ao colo uma bacia cheia de roupa.
A criatura pensou para ela mesmo: “ é agora que ela vai reparar em mim e saber o que é que eu sou…”
O mesmo sentimento passou por todos que aguardavam.
Mas mais uma vez nada, depois de ter pousado a bacia com toda aquela roupa, voltou a entrar em casa para ir buscar as molas de que se tinha esquecido.
Até que ao colocar o primeiro pé dentro de casa parou e virando-se de repente exclamou:
Uii quem és tu? Quem é que te colocou aqui?
A Coruja abriu os olhos de espanto, todos ficaram presos naquele momento de revelação.
- é agora, dizia o garnizé ao galo em surdina
A professora estendeu as mãos e tocou aquele pelo macio e disse:
Ola cachorrinho, como te chamas tu?
Não tens nome?
Que narizinho tão pequenino o teu…
E enquanto dizia estas palavras aconchegava nas maos aquela criaturazinha mostrando-a ao céu de forma a que todos vissem.
Sou um cachorrinho, disse toda contente para si mesma e em voz alta aquela bolinha de pelo, -sou um cachorrinho, uma menina cachorrinho,
E um sorriso rasgou o rosto da professora enquanto aquela pequena vida lhe acariciava a pele com muitas lambidelas de beijinhos.
Todos ficaram mais calmos e aliviados, a Coruja estava confiante na afirmação da professora e resolveu regressar a casa, sem antes dizer:
- Aquela cachorrinha ainda vai criar por aqui muita agitação.
E assim o dia começou a fechar-se rapidamente, dando lugar à noite e todos regressaram aos seus lares satisfeitos e com muita para contar sobre a agitação daquele dia.
Iam todos dormir, esperando ansiosamente pelo cantar do galo no inicio do novo dia, para ver que outras aventuras aquela nova criatura traria ao prado verde.
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